quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Razão e afeto: o jogo da persuasão


por Vânia Luisa Spressola

Se esta mania de opôr as coisas fosse só minha, hesitaria um minuto antes de começar a desfiar o rosário. Mas dizem, ela é universal. Então, muitas dicotomias foram interpeladas por esta pobre autora, quando insegura pelas idéias não amadurecidas sobre Comunicação Sustentável. Idéias verdes, se me permitem o gracejo. Vamos lá: razão e afeto, ciência e arte, indivíduo e sociedade, natureza e cultura (ou homem e natureza) foram algumas listadas. A primeira foi a mais sedutora para começar a escrever sobre o assunto e, em particular, sobre persuasão - o grande fim da linguagem publicitária. 

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Razão e afeto: qual o melhor caminho para gerar adesão do público ao seu produto/serviço ou marca? É preferível que o público escolha seu produto porque entende que ele é a melhor opção para atendê-lo ou simplesmente porque gosta mais dele?
A pedagogia deu ao mundo uma contribuição preciosa. Um determinado conteúdo disciplinar é muito mais atraente para o aluno se uma ponte com seus afetos for estabelecida. Se o professor relaciona o conteúdo aos saberes prévios do aluno - suas experiências pessoais e cotidianas - deu o primeiro passo para que ele se engaje ativamente no próprio processo de aprendizagem.
Nem sempre a comunicação voltada para a conservação dos ecossistemas e dos recursos naturais desperta os afetos do público, aqueles que terminam em engajamento - entenda-se por afeto, a lembrança calorosa de boas experiências. Certa vez, ouvi dizerem na TV que, um bebê não nascido, devia trocentas árvores ao mundo. Ao falar em números e estatísticas trágicas, em árvores que serão plantadas sabe lá Deus onde e por que, o máximo que se consegue é despertar, no público, o medo do mundo natural, a culpa e, colateralmente, o sentimento de impotência diante de algo que é tão relevante, mas, ao mesmo tempo grande e distante.
O mundo natural compõe nosso dia-a-dia e nossa existência, é parte dele. Uma comunicação que percebe a naturalidade que há em ser humano está pronta para despertar os afetos do público. Certa identificação com a natureza deve tornar irresistível o comprometimento com o próprio consumo, o engajamento nas decisões de compra. Muito mais do que a certeza calculada de que estamos ferrados. 


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